terça-feira, 12 de abril de 2011

MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL ATINGEM TODA A SOCIEDADE

João Pedro Stedile*


Coordenação Nacional do MST

No ano passado, a bancada ruralista – que é o que tem de mais atrasado, fisiológico e oportunista no Congresso Nacional – encontrou um pseudocomunista para representá-los, e articularam mudanças no Código Florestal.

O projeto, conhecido como projeto Aldo Rebelo, foi aprovado na comissão de agricultura e meio ambiente, por quatro votos de diferença. Ou seja, sem nenhuma representatividade real. E agora, por acordos partidários, o projeto deve ir a votação no plenário da Câmara.

Depois terá que ir ao Senado, se modificado voltará à Câmara, e até finalmente ir à Presidência da República, para aprovação ou sanções. Na essência, o projeto do nobre parlamentar, o “ambientalista de ouro” como é chamado por seus apoiadores fazendeiros, tem dois claros objetivos:

A) Anular as multas aplicadas pelo Ibama aos fazendeiros por crimes ambientais, que atinge hoje ao redor de 8 bilhões de reais, e que pela constituição violam a função social da propriedade e, portanto, poderiam até ser desapropriadas para fins de Reforma Agrária (embora até hoje o Incra só teve coragem de aplicar em uma única fazenda, em Minas Gerais, aonde o fazendeiro, além de desmatar, cometeu pessoalmente o massacre de cinco trabalhadores rurais do MST).

B) Criar condições para reduzir a área de reserva legal na Amazônia legal e no cerrado, e, assim, o capital poderia incorporar na produção e se apropriar da natureza de milhões de hectares, hoje preservados.

Para esconder seus verdadeiros objetivos, alegam que milhares de camponeses estão inadimplentes com a lei, pois desmataram a Reserva Legal e não respeitaram córregos e topos de montanha. O que é verdade.

Mas a solução não é pegar carona na falta de consciência social camponesa para liberar os fazendeiros de seus crimes. E sim, criar mecanismos de ajuda aos camponeses para que eles recomponham a cobertura vegetal necessária para o equilíbrio do meio ambiente.

A favor do projeto Aldo Rabelo está a bancada ruralista e o que tem de mais atrasado no Congresso. Estão as empresas transnacionais que querem se apropriar das riquezas naturais na Amazônia e no cerrado. E a imprensa burguesa, comprometida com o agronegócio.

Contra o projeto estão os deputados progressistas, presentes em todas as bancadas. Estão todos os movimentos sociais do campo, inclusive a Contag. Estão todos os movimentos ambientalistas e igrejas, preocupados com o futuro de nosso território e planeta. E estão os setores da imprensa preocupados com as consequências das agressões, para toda sociedade, como assistimos todos os anos, suas manifestações, em diversos estados brasileiros como recentemente na serra fluminense.

Os movimentos sociais da Via Campesina Brasil têm sido contundentes em denunciar o projeto, e pedir a todos os parlamentares para que o vetem. Defendem que devemos manter o atual código florestal, os percentuais de Reserva Legal, e corrigir os problemas na agricultura familiar, com portarias, com recursos econômicos de apoio, que levem os camponeses a replantarem nas margens dos rios, córregos e topos de montanhas e morros.

Esperamos que a sociedade brasileira não permaneça calada, que se manifeste. Afinal, as agressões ao meio ambiente perpetuadas pelos fazendeiros na Amazônia, cerrado, mata atlântica e em qualquer lugar de nosso território, tem conseqüências diretas, não só no bioma atingido, mas também nas cidades, cobrando caro de toda sociedade.

A sociedade brasileira precisa decidir se as riquezas naturais seguirão sendo apenas objeto de lucro fácil de meia dúzia de fazendeiros mancomunados com empresas transnacionais exportadoras de matérias-primas (agrícolas e minerais) ou vamos garantir que esses recursos tenham exploração equilibrada e em favor de toda população e das gerações futuras?

A votação desse projeto na Câmara, a partir de meados de março demonstrará, também, se o Congresso está se democratizando ou se segue refém dos interesses das empresas que financiaram suas campanhas?

Será um teste para as necessárias reformas políticas que estamos precisando. Acompanhem. Reajam, escrevam aos parlamentares em que vocês votaram. Antes que seja tarde.

* artigo publicado na edição de março da revista Caros Amigos

segunda-feira, 11 de abril de 2011

PRESIDENTE DO INCRA PARTICIPA DO ENCONTRO NACIONAL DOS SERVIDORES

Representantes de servidores do Incra de 24 estados (PA, AL, RS, SP, RO, RR, MS, RJ, MA, TO, PE, BA, PB, GO, AL, MG, PR, SC, AM, PI, AP, AC, MT, CE) e o Distrito Federal participaram de dois dias intensos de debate que terminaram nesta sexta-feira com um encontro nacional da categoria. O seminário sobre a reestruturação e missão institucional do Incra, realizado na sede da Condsef, contou com a participação do presidente do órgão, Celso Lacerda. Lacerda fez uma avaliação da missão do Incra e seu papel importante no governo da presidenta Dilma que tem como prioridade o programa de combate à pobreza e fome. Com seu perfil técnico Larceda disse que tem compromisso com a competência e qualidade em sua gestão e afirmou que está aberto a dialogar com representantes dos servidores sobre realização de concurso e melhoria salarial. A participação de Lacerda foi importante e abre espaço para o permanente diálogo com a categoria em busca de melhorias para o Incra. No encontro nacional os servidores também deliberaram ações importantes para o fortalecimento da luta em defesa da reestruturação e fortalecimento do órgão.

Foi aprovada a busca por uma audiência pública, ainda neste mês de abril, que discuta a reestruturação do Incra com participação da sociedade. Os servidores vão participar ativamente da marcha e vigília pela reabertura das negociações com o governo que acontecem em Brasília na próxima quarta, dia 13. Nos estados também deve haver mobilizações em conjunto com os servidores do Ibama. Além disso, os servidores aprovaram a realização de debates e mobilização toda segunda-feira para discutir a reestruturação do Incra e manter a categoria a par do processo de negociação com o governo. Movimentos sociais serão convidados para também fazer parte desses debates.

Mais ações em defesa do Incra – No encontro os delegados de base aprovaram outras diversas ações que vão colaborar na luta em defesa da reestruturação e fortalecimento do Incra. Entre as principais está a realização de um III Plano Nacional e Regional de Reforma Agrária ainda em 2011 com participação dos movimentos sociais e entidades sindicais. Foram levantadas ainda propostas que vão ser defendidas pela Condsef junto ao Planejamento como o retorno de gratificação de insalubridade, gratificação zonal para servidores que atuam na Amazônia e zonas rurais, capacitação e qualificação permanente, busca de tratamento isonômico para os servidores entre outras.

O combate ao assédio moral e à terceirização de serviços essenciais também ganharam destaque no seminário e encontro nacional dos servidores do Incra. Continue acompanhando. Os desdobramentos dessas atividades e as informações de interesse da categoria seguem sendo divulgadas aqui em nossa página.

Fonte: CONDSEF