sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A CRISE MUNDIAL, O NEOLIBERALISMO E A CLASSE TRABALHADORA, SEGUNDO SÉRGIO GOIANA

A crise econômica que monopolizou os noticiários em todo o mundo durante o ano de 2008 pode representar uma oportunidade para classe trabalhadora. Se considerarmos o que defendem
os especialistas econômicos mais críticos, a crise financeira representa o fim do neoliberalismo.
O capitalismo entra em crise, sem, no entanto, desaparecer. Mas sua política econômica globalizante, o neoliberalismo, agoniza. Por mais difícil que seja o cenário desenhado, o fim do neoliberalismo implica na criação de um novo modelo econômico. E é nesse vácuo que a classe trabalhadora precisa se mostrar presente e propor alternativas que não atendam apenas à lógica do capital, mas sim do social. Pegando emprestado uma análise do jornalista e escritor francês Ignácio Ramonet, diretor do jornal Le Monde Diplomatic da França, uma crise como a que estamos vivenciando surge uma vez a cada século. Foi assim com a grande depressão de 29, que
representou a crise do século XX. Então, novos ventos vão soprar e não podemos esperar, e muito menos acompanhar, a crise do século seguinte. A hora é agora, e nós, os trabalhadores, não podemos assistir a essas transformações de braços cruzados.
CONTRADIÇÃO
O principal discurso do capitalismo é que o Estado não precisa intervir, pois o mercado é capaz de regular todas as suas necessidades. A crise serviu para provar o contrário. Quando a especulação financeira foi além do limite, o que se viu foi o tão criticado Estado servir de socorro para impedir o caos. Bilhões de dólares foram colocados à disposição de bancos, construtoras, montadoras e outros representantes do capital, com o objetivo de garantir as condições de sobrevivência do mercado.
Precisamos exigir que os recursos oriundos dos cofres públicos, tenham contrapartida, como garantia do emprego, distribuição de renda e manutenção do consumo interno. Não podemos ser responsabilizados por uma crise que não foi criada pelos trabalhadores. Quando os servidores tiveram, através de uma dura negociação, seus salários reajustados, a grande mídia criticou duramente o governo, bem como a política de distribuição de renda via programas sociais.
Essa mesma imprensa não se manifestou contra o governo quando o mesmo liberou recursos para os bancos, montadoras, empresas que alimentam o capitalismo. Não fizeram nenhum comentário contrário a este financiamento, deixando claro que está contra os interesses do povo brasileiro.
DESAFIO
Sempre combatemos a política neoliberal. Um Estado forte e um serviço público gratuito e de qualidade são bandeiras históricas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Condsef e do Sindsep. Nunca nos calamos diante da idéia do estado mínimo, difundida em todo o mundo como o cerne do neoliberalismo, implantado na década de 1980 pelo presidente dos Estados Unidos e a Primeira Ministra da Inglaterra, Ronald Reagan e Margaret Tatcher, respectivamente. Por isso, companheiros e companheiras, é chegada a hora. Vamos montar neste “cavalo celado” e dizer que não podemos pagar a conta dessa crise financeira mundial. Não somos responsáveis e não vamos aceitar que a classe trabalhadora seja, mais uma vez, relegada ao último plano. Vamos fazer a diferença e iniciar 2009 enfrentando com coragem este cenário apontado como desfavorável.
A classe trabalhadora, e não apenas categorias isoladas, precisa estar unida e apontar soluções. Somos todos trabalhadores, público ou privado do campo ou da cidade. Temos que enfrentar este problema enquanto classe. Dessa forma estaremos fortes e sairemos vitoriosos.
_______________________________________________________________
Entrevista de Sérgio Goiana que é coordenador geral do Sindsep e presidente da CUT/PE
Fonte: REVISTA GARRA/DEZ-2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário